GM reutiliza carro-conceito para mostrar alternativas ao petróleo
Um dos carros mais interessantes que a General Motors exibiu nos últimos tempos foi o Chevrolet Volt, que estreou no Salão de Detroit deste ano. Aquele Volt, apesar de híbrido, utilizava um conceito inovador: o motor a combustão não servia para mover o carro, mas para carregar a bateria, o que, além de diminuir emissões, dava ao veículo uma autonomia de 1.030 km. Pois agora, em Xangai, a GM, de novo, apresenta o Volt. E, de novo, o carro inova, só que um pouco mais: agora, ele alia um sistema de baterias aliado à produção de energia por células de combustível.
Esse sistema é o mais limpo atualmente conhecido para a geração de eletricidade e usa como princípio a formação de moléculas de água. Quando dois átomos de hidrogênio se unem a um de oxigênio, a reação gera energia e água. O que as células de combustível fazem é aproveitar a eletricidade gerada no caminho para mover um motor elétrico, liberando no ambiente apenas vapor.
As células presentes já são, na GM, a quinta geração do sistema, e conseguem ser duas vezes mais eficientes que as anteriores, o que mostra a crescente evolução desta proposta. Presente no Chevrolet Sequel, o sistema de quarta geração tinha uma autonomia de 483 km, conseguida mediante o uso de 8 kg de hidrogênio. No Volt, a autonomia permanece a mesma, mas a quantidade de hidrogênio necessária é a metade, ou seja, meros 4 kg de hidrogênio, ou seja, 120,75 km com 1 kg do gás.
Além das pilhas a combustível, o Volt mostrado em Xangai conta também com baterias de íons de lítio que podem ser recarregadas à noite e conferem ao carro uma autonomia adicional de 34 km, a média de quilometragem diária de um carro em uma grande cidade. Teoricamente, portanto, o Volt poderia funcionar apenas como um carro elétrico, sem a necessidade de abastecimento com hidrogênio.
Pesando 1.588 kg, o Volt oferece o mesmo conforto que um sedã médio, com a vantagem de ter amplo espaço para bagagem. O sistema de pilhas fica completamente instalado sob o capô do carro e tem o mesmo volume que um motor de quatro cilindros com transmissão automática. O peso, que pode parecer alto, foi conseguido com o emprego de diversos materiais leves, como plástico e alumínio.
Esse novo exemplar do Volt também traz um dispositivo que deve se tornar comum em veículos, no futuro: motores dentro das rodas, em vez de na dianteira, meio ou traseira da carroceria. No conceito, eles estão apenas nas rodas traseiras, o que torna sua tração integral e permanente. Os motores agora estão mais leves e são mais potentes do que os mostrado em 2003.
“O que o sistema E-Flex tem de melhor é que ele nos permite utilizar vários sistemas de propulsão em um mesmo espaço, dependendo da fonte de energia disponível em cada país. Também permite que tenhamos uma grande flexibilidade de fontes de energia. Podemos obter hidrogênio ou eletricidade de uma grande quantidade de fontes renováveis: vento, luz solar, fontes geotérmicas, hidroelétricas, biocombustíveis etc.”, diz Larry Burns, vice-presidente de pesquisas da GM. “O E-Flex é flexível em dois sentidos: nos sistemas de propulsão que podem ser usados e nas fontes para alimentá-los, que podem competir com o petróleo e atender ao crescimento da necessidade mundial de transportes de maneira sustentável.”
Segundo a GM, estudos independentes indicam que as células de combustível oferecem eficiência superior e menor emissão de gases que agravam o efeito-estufa em comparação com motores a combustão, mesmo considerando os processos de produção de energia, além do uso do veículo em si. A empresa também diz que seus estudos mostram que as pilhas a combustível são alternativas extremamente competitivas com relação aos motores convencionais. Tanto em custo e durabilidade quanto em tamanho e performance.
“O progresso que estamos fazendo com as pilhas nos faz cada vez mais confiantes, mas, antes que essa tecnologia esteja plenamente disponível, temos que contar com a ajuda de governos, fornecedores de energia e empresas de infra-estrutura para desenvolver um mercado para veículos dotados de células”, finaliza Burns.