Quem acha que o evento é inteiramente sobre novidades muda de opinião na primeira caminhada.
(30-09-09, Frankfurt, Alemanha) - Uma das coisas mais legais a respeito do Salão de Frankfurt é que, sendo ele um espaço tão grande, há vaga não apenas para modelos novos, mas também para os clássicos. Fora os que as fabricantes levam ao evento, há também aqueles expostos por museus, como os da galeria ao lado, que pertencem a diversos museus alemães.
O primeiro da lista é um Adler Standard 8 Limousine, de 1931, um carro de com motor de oito cilindros em linha de 3.887 cm³ que gerava apenas 80 cv. A máxima era de 105 km/h, a mesma do REVAi atual.
Podia ser pior. O segundo é um C.Benz Söhne 8/25 Tourenwagen, de 1924. Seu motor de quatro cilindros e 2.600 cm³ rendia meros 25 cv. Logo a seguir na galeria ao lado surge um modelo mais moderno, mas igualmente desconhecido, o Glas 2600 V8. Como o nome denuncia, ele tinha 2.580 cm³ de capacidade cúbica, mas rendia 150 cv e chegava aos 195 km/h.
O quarto modelo ao lado é um Horch 930 V Kabriolet, da marca que antecedeu a Audi (ou Horch, ouça, em latim). Seu motor de oito cilindros tinha 3.823 cm³ e produzia 92 cv, suficientes para levar o carro a 130 km/h de máxima.
Logo depois, na galeria ao lado, aparece o Lux Tonneau, um veterano de 1900 com motor boxer de dois cilindros e 1.900 cm³. Esse tinha apenas 9 cv, prova de que downsizing não é tendência moderna coisa nenhuma... Como diz o mestre José Luiz Vieira, toda ideia é velha que só. Só foi aperfeiçoada.
De 1926 vem o Hanomag “Komissbrot”, ou pão caserna. O sexto carro da galeria também podia se chamar ciclope, devido ao farol único, no centro da carroceria. Com um cilindro só, seu motor de 500 cm³ gerava 10 cv.
O sétimo de nossa lista é o belo NSU Typ 5/25 “Boattail”, ou cauda de navio, de 1925. Seu motor de 1,3-litro gerava 25 cv, mas levava o carrinho, leve, a 90 km/h. Nada mal, comparado com o Adler, que tinha motor bem maior.
O Röhr 8 Typ RA, de 1931, tinha motor de oito cilindros em “V”, 2,5-litros e 55 cv. Ele é o oitavo carro de nossa lista. Ele é tão elegante quanto o Stoewer Arkona 1939, o nono, com motor de 3,6 litros e 90 cv. Ele foi apresentado ao público no Salão de Frankfurt de 1939.
Também de 1931 é o Simson Supra “Typ A”, com motor de oito cilindros, 4.763 cm³, 90 cv e 120 km/h de velocidade máxima. Ele ocupa o décimo lugar entre as fotos da galeria.
O 11º é tão bonito que mereceu duas fotos, de frente e de traseira. É mais conhecido, de todo modo. Trata-se de um DKW/Auto Typ 1000 SP Roadster, de 1961. O motor é conhecido dos brasileiros: um três-cilindros dois-tempos de 980 cm³ que rendia 55 cv e levava o carrinho a 140 km/h. Se os alemães já conhecessem Jorge Lettry...
O Zündapp “Janus” 250, de 1958 usava motor de moto, com apenas um cilindro, 248 cm³ e 14 cv. Pode parecer pouco, mas era respeitável, uma vez que o carro chegava a 80 km/h. Como o Typ 1000 ocupa dois lugares na galeria, o “Janus” é o 13º.
O 14º, o Wanderer W 45 L, é de 1937. Seu motor, de 2.241 cm³, produzia 55 cv, algo que hoje só motores 1-litro bem fraquinhos conseguem.
O 15º lugar da galeria tem uma história interessante, até para quem leu nossa reportagem sobre o Melkus RS2000 e seu antecessor, o RS1000, o Ferrari comunista. O motor do Melkus vinha do Wartburg 353, um três-cilindros de dois tempos e 992 cm³, 52 cv e 125 km/h de máxima. É, o Melkus se saía bem melhor...
Além dos museus, a Cruz Vermelha também expôs veículos novos e clássicos, como a ambulância Opel Rekord 19S 1970, aparentada com a Chevrolet Caravan. Seu motor 1,9-litro gerava 90 cv e empurrava a ambulância a 160 km/h. Ela fica na 16ª posição de nossa galeria.
Outra relíquia da entidade é a ambulância Framo/V 902, a seguir na galeria. Apesar de seu tamanho, ela tinha motor de meros 900 cm³ e 23 cv. A máxima era de 72 km/h. Sorte do doente que, em 1958, o trânsito era mais leve. Se não fosse, a Framo já podia virar carro funerário de uma vez e pronto.
A Sociedade Espanhola de Antigos levou ao salão um pequenino que metia medo em gente grande, o Fiat Abarth 850 TC, baseado no Cinquecento. Com apenas 615 kg, seu motorzinho de 1.036 cm³ rendia 80 cv e o levava aos 200 km/h. Quem tinha coragem de andar tanto com ele vencia as corridas. E não eram poucos.
Por fim, para colocar ordem na coisa toda, apareceu um Opel Kapitän PL, da polícia alemã. O modelo 1960 tinha motor de 2.586 cm³ e 90 cv. Com ele, os policiais podiam acelerar até 150 km/h. Se os bandidos não estivessem com um Abarth 850 TC, talvez a perseguição terminasse bem para as forças policiais.